SÃO PAULO — O sinal está vermelho, e a luz fria de um poste de rua ilumina a fumaça em volta de 11 policiais da Força Tática paulistana, que carregam escudos e estão em posição de ataque. No primeiro plano, a cem metros dali, três manifestantes ensaiam uma aproximação. As bandeiras do Brasil e do estado na fachada de um hotel na esquina da Consolação com Maria Antônia, em São Paulo, estão estáticas.
O fotógrafo Sérgio Silva, de 31 anos, abaixou a câmera para conferir a imagem que acabara de fazer e ajustar o tempo de abertura do obturador. Antes do segundo disparo, sentiu o impacto no olho esquerdo e uma dor lancinante.
— Pensei que era pedra, ou um pedaço da banca onde tinha me escondido. Mas logo vi que era bala de borracha da polícia — conta o rapaz, que pedirá R$ 700 mil de indenização ao estado.
Para o advogado Paulo Sérgio Fernandes, não será preciso provar quem foi o policial que fez os disparos contra o fotógrafo, nem se teve a intenção de acertá-lo.
— Precisamos mostrar apenas que alguém disparou e feriu um fotógrafo no exercício legítimo da profissão — explica o defensor de Silva, que prevê uma longa briga judicial em busca da indenização.

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